In memoriam de ti J.P.

Estou em transição na minha vida. Espero daqui por 2 ou 3 meses ter boas noticias para partilhar.

Entretanto, estou também num momento particularmente dificil e ingrato do meu crescimento como pessoa e médica...a morte é f@d&da... Não há nada que nos prepare para isto, nenhuma aula na Faculdade, nenhum professor, nenhum livro, nada! É lixado dizer a alguém que o seu irmão morreu, que o seu filho morreu, que já não há nada a fazer por aquela pessoa que é tanto para alguém...
É absolutamente contra-natura dizer a uma mãe que o seu bébé vai morrer porque a medicina e os médicos não podem fazer mais nada, não sabem mais o que fazer...
É dificil ter noticias destas para dar, leva-nos ao fundo, deprime, faz-nos chorar em segredo, por vezes é dificil esconder a nossa própria dor. A dor de estar presente nos piores momentos da vida de alguém...há dias em que é tão duro...

Amigos coloridos

Alguém que me explique muito bem a ideia/ conceito disto porque acho que ainda não percebi bem! Anyone? Agradecida.

Da morte e outras cenas...

Do meu dia-a-dia faz parte a morte. Sei de antemão que alguns, por vezes bastantes, doentes da enfermaria vão morrer porque estão em terapêutica de suporte. Não sou a mesma pessoa desde que entrei para a especialidade, tornei-me mais dura... Afinal quem é que consegue passar incólume à proximidade do fim, ainda que não o nosso? Há dias em que me apetece mandar isto tudo às urtigas , emigrar e começar de novo uma vez mais... Afinal não  tenho nada que me prenda, sinto-me só....a solidão é lixada.

Homem, 81 anos.

Internado há cerca de 1 mês, em estadio terminal.

Acabo de o observar e digo-lhe que a esposa estava à porta do quarto para o ver. Ele, em jeito carinhoso salta com um " Ah, a luz dos meus olhos chegou"... caiu-me tudo. Perguntei há quanto tempo estavam casados, 56 anos, cinquenta e seis anos e continuam assim. Isto sim é AMOR e não me venham cá com m#$das que agora é que é bom...

Viver não custa, o que custa é saber viver...

O meu pai sempre me disse esta frase, e eu, como muitas outras que lhe ouvi nunca liguei nenhuma à dita. Na verdade, cada vez isto me faz mais sentido... viver em si não custa nada, basicamente nem depende de nós, mas aprender a viver, saber contornar todas as dificuldades, isso já não é para qualquer artista...é com grande tristeza que tenho de admitir que não pertenço ao grupo dos "chicos espertos" que sabem viver muito bem...é pena, dava-me tanto jeito!

Sabes que bateste no fundo ou estás muito perto disso quando numa 6f à noite te metes no carro em direcção ao Macdonald's mais próximo e levas um menu para comer sozinha no carro a olhar a ponte e a pensar na m@#da em que a tua vida se tornou...

O bom filho a casa torna!

Estou de volta a este lugar do qual tenho tantas saudades e que tanto me deu. Tenho muito para contar e partilhar... Beijinhos e abraços

Desde que desapareci...

...já fiz Pediatria e "adoptei" uma mascote muito querida e percebi que pode ser por ali o meu caminho.

já fiz oftalmologia e percebi que não é para mim, mesmo!

já fiz psiquiatria e descobri que o Sócrates está implicado em quase todos os distúrbios psiquiátricos dos doentes com quem falei e que uma nespereira pode ser uma ligação satélite aos E.T's...mais uma que não é para mim!

já fiz Neurologia e gostei bastante, apesar de esperar sinceramente ter uma morte um bocadinho melhor que a de um doente neurológico...

estou em Cirurgia e depois digo qualquer coisa...

já fui à Madeira passar umas férias e gostei muito

já fiz dieta porque estava a ficar gordita!

já tentei escrever muitas vezes qualquer coisa de jeito, mas não sai nada...

O meu bairro

Quando me mudei para Lisboa da primeira vez tinha 17 anos e nada sabia da vida numa cidade grande. Fui morar para um bairro da cidade que era sossegado, tranquilo e aonde a grande maioria das pessoas se conhecia e se cumprimentava. Nesse bairro morei 5 anos inesquecíveis... Hoje tenho 27 anos, e há 3 anos quando voltei para Lisboa, achei que seria bom voltar para um sítio que me era tão familiar e acolhedor. Voltei para esse bairro mas este já não é o mesmo, a bem dizer, já não era o mesmo quando saí da primeira vez. Hoje, roubaram uma peça da mota do meu namorado, praticamente à minha porta! Há 2 semanas, 2 "individuos" andaram aos tiros aqui bem perto, num ajuste de contas que só eles sabem quais são...os bairros sociais que se tentam "impôr" no meio de zonas residenciais ditas normais são bonitos, mas só e apenas em teoria, porque na prática não funcionam. Estes são apenas 2 dos vários exemplos que podia dar...e a polícia? encolhe os braços e fecha os olhos e nós que os aturemos. Descriminação? Xenofobia? Não me parece...acho que se aqui alguém é discriminado, são os outros, os que já aqui estavam. Estou #$%&!!!!!!!!!!

O regresso

Voltei passados 2 meses e umas horitas. Como o tempo passou rápido! Passou comigo sempre a pensar: "hoje não tenho tempo"ou "hoje até tenho tempo mas não tenho nada de interessante para dizer" e deixei passar este tempo todo...shame on me!

Verdade seja dita, hoje também não tenho nada de interessante para dizer, mas isto começa a arrastar-se demais e pareceu-me boa ideia fazer uma tentativa de recomeço. Realmente não tenho muito tempo livre, mas isso não é desculpa.

Já tinha saudades do blogue, de ler outros blogues (que também não tenho feito), de saber coisas da vida de pessoas que não conheço pessoalmente mas que algumas já me parecem quase familiares. Voltei e espero que para ficar! Prometo não desaparecer outra vez durante tanto tempo.